Debbie Baigrie foi vítima de um assalto seguido de tentativa de assassinato por Ian Manuel, na época com 13 anos. Apesar de ter sido condenado à prisão perpétua, ele conseguiu a sua liberdade 27 anos depois e foi recebido por ela do lado de fora da prisão.
Foi exatamente no dia 27 de julho de 1990, que Debbie Baigrie, então com 28 anos de idade, estava a caminho da casa de uns amigos na Flórida, quando avistou um grupo de rapazes a vir em sua direção. Aquela era a primeira noite fora da norte-americana, desde o nascimento do seu segundo filho. Com uma arma apontada à sua cabeça, e ainda dentro do carro, Debbie ouviu de um deles: “Estou a falar a sério, desista”. Em questão de segundos, houve um disparo e a bala atravessou a boca de Debbie. Milagrosamente, ela sobreviveu ao ataque, depois de mais de 40 operações, durante os dez anos seguintes. Três dias depois do ocorrido, Ian Manuel, de 13 anos, confessou o crime.
Em fevereiro de 1991, ele foi acusado da culpa de assalto à mão armada e tentativa de assassinato, o que lhe rendeu a pena de prisão perpétua sem liberdade condicional. Nenhum dos outros envolvidos no crime foram identificados. Apesar do choque ao descobrir a idade do menino, Debbie, que chegou a dizer no julgamento que o rapaz deveria ser reabilitado e não preso, decidiu que era preciso focarem-se na sua recuperação.
“A minha única prioridade na altura era ajudar-me a mim mesma. Fiquei traumatizada”, contou à revista People. Até que, naquele mesmo ano, ela recebeu um telefonema inesperado. Era Manuel, que lhe tinha ligado para pedir desculpas e perdão pelo que fez. Ela aceitou. A partir dessa conversa, uma amizade nasceu entre os dois. “Foi difícil ouvir a voz dele. Exigiu-me muita coragem”, confessou.
Durante toda a adolescência que passou atrás das grades, Manuel pode contar com toda a ajuda de Debbie. “Ela foi uma mãe para mim. Ajudou-me a crescer”, contou Manuel. Prova disso está no facto de Debbie ter sido uma das suas maiores defensoras. Juntamente com a ONG Equal Justice Initiative, de Alabama, que se envolveu com o caso em 2006, ela ajudou-o a garantir a sua liberdade.
Em novembro de 2016, ano em que Manuel completou 40, ele conquistou a sua liberdade graças a uma decisão da Suprema Corte, datada de 2010, que passou a proibir sentenças de prisão sem previsão a jovens acusados de crimes que não fossem assassinato. E quem estava do lado de fora da cadeia para recebê-lo? Debbie. “Tive a oportunidade de viver uma grande vida enquanto ele estava atrás das grades”, recorda ela.
“Ele era tão jovem. Com o passar do tempo, pude notar ainda o quão inteligente e pensativo Manuel também era. Agora, ele terá uma segunda oportunidade.”