Canção sobre o “grilo da Zirinha” leva cantor popular de Braga a tribunal

O refrão repete-se várias vezes ao longo da canção de Miguel Costa: “Cacei o grilo na toquinha, cacei o grilo à Zirinha”. A rima, poderá custar bastante caro a este músico popular de Braga. É que uma das suas vizinhas, na aldeia de Padim da Graça em Braga, entende que a cantiga lhe é dirigida e processou-o por difamação.

Alzira exige uma indemnização de seis mil euros e o caso está agora a ser julgado no tribunal de Braga, onde já foi ouvida a primeira testemunha.

A queixa foi apresentada por Alzira, uma empresária da freguesia, que é vizinha de Miguel Costa há vários anos. A queixosa alega que a canção “Cacei o grilo” a tornou alvo de gozo na aldeia e que isso lhe provocou problemas de saúde. De resto, na primeira audiência do julgamento, que decorreu na semana passada, a mulher terá desmaiado e teve de receber assistência de uma equipa do INEM, no momento em que o juiz do processo deu ordens para que a música fosse tocada no tribunal.

A canção começa com os versos “Vi o grilo à Zirinha, dava gosto para ele olhar. E eu pedi à Zirinha para me deixar tocar”, prosseguindo com o mesmo tipo de trocadilhos e duplos sentidos ao gosto da chamada música “pimba”. (Por exemplo, o Quim Barreiros já isso à anos). Alzira entende que a música dá a entender que houve um “caso amoroso” entre ela e Miguel Costa, o que lhe terá causado vários transtornos.

O julgamento começou na semana passada e prosseguiu esta segunda-feira, com a audição da primeira testemunha, uma sobrinha da queixosa. Segundo a agência Lusa, a mulher, professora, terá “dissertado ” sobre a conotação sexual da palavra “grilo” e sobre os vários outros nomes da gíria popular para designar o órgão sexual feminino, tendo-se manifestado convicta de que a letra daquela canção queria sugerir que o cantor e arguido tinha mantido um relacionamento sexual com a tia.

Cacei o grilo faz parte de um disco gravado por Miguel Costa e é um tema que este vem cantando nas festas e romarias da região, quase sempre acompanhado pela filha Sara e pela inseparável concertina vermelha. Em tribunal, Miguel Costa, negou a intenção de difamar a vizinha, com quem dizia manter uma relação de amizade, e defendeu-se dizendo que “há outras Alziras na freguesia”.

“Se calhar, até há”, disse o presidente da Junta de Freguesia de Padim da Graça, João Moreira. Mas o autarca acrescenta que, se o tribunal lhe pedir, pode dizer onde moram e que idade têm as homónimas da queixosa: “São tudo senhoras de 60 ou 70 anos”, sublinha que João Moreira, convencido de que a canção em causa se refere mesmo à pessoa da queixosa.

Este caso deu muito que falar em Padim da Graça, freguesia do extremo Noroeste do concelho de Braga, com apenas 1500 habitantes e três quilómetros quadrados. “As pessoas comentaram muito a situação, mas depois, como foi tudo para tribunal, acalmou”, comenta o presidente da junta. João Moreira garante que Alzira “é uma pessoa séria, respeitada, com dois filhos” e que, por isso, “tem toda a razão” ao dizer-se ofendida pela cantiga.

O que achas tu desta situação toda? 🙂

@ Jornal Público

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