A utopia cantada por John Lennon em “Imagine”, onde proclama por um mundo sem posses, países, religião, fome ou cobiça, pode estar ainda longe de se tornar uma realidade para todos, mas ganha contornos possíveis, e bem sucedidos, numa cidade localizada no sul da Índia, chamada Auroville.
Reconhecida oficialmente como cidade tanto pelo governo indiano quanto pela Unesco, Auroville recebe, desde a sua fundação, em 1968, pessoas de todo o mundo. A população da cidade hoje é cerca de 2 mil habitantes, mas o local tem capacidade para receber até 50 mil moradores.
Ainda que esteja localizada numa região paradisíaca, e que o lazer e o prazer sejam incentivados em Auroville, todos por lá têm muito o que fazer – e recebem um salário de cerca de 100 € por mês, valor mais do que suficiente para os custos de vida por lá e ainda para juntar um pouco de “pé-de-meia” para uma eventual emergência.

Esta é uma cidade, totalmente auto-sustentável, possui escola, restaurantes, padarias, hospitais, cinemas e lojas. Na cidade ninguém anda de carro, somente de bicicletas e motas. O estilo de vida por lá não inclui muito espaço para ostentação e consumismo.
O mais interessante de Auroville, porém, é o facto de não haver sequer governo. Perante um qualquer problema ou proposta social que a cidade atravesse, um conselho geral reúne-se, no qual são delegados membros para resolver o que estiver em debate. Além disso, não existe religião oficial, cada um é livre para exercer a religião que quiser ou até nenhuma.
Para morar em Auroville basta querer, e ter um pouco de dinheiro. Uma casa por lá custa cerca de 3 mil dólares – que arquitetonicamente são espetaculares!
Em Auroville é preciso ter um trabalho oficial, e contribuir noutras funções, com eventuais aptidões pessoais. Pode-se, por exemplo, ser um artista, e a sua produção será remunerada. Por um ano – período chamado de “estágio” – os cidadãos decidem se o “novato” pode ou não permanecer como morador. Se o pedido for negado, o valor investido é devolvido integralmente.