Hoje voltamos a um tema que temos batido bastante aqui no Tá Fixe, que é a questão dos preços das habitações, dos arrendamentos e da dificuldade em sair da casa dos papás.
A verdadeira diferença é que te contamos agora a história de um jovem que arranjou uma forma de driblar este problema. Morar de comboio em comboio. Isso mesmo, foi a alternativa arranjada pelo miúdo alemão para sair da casa dos pais e viver uma vida emancipada.
A maioria das pessoas que precisa do comboio para se locomover para a escola ou trabalho já fica de cara torta ao ouvir falar desta ideia, quanto mais pensar em viver dentro de uma destas máquinas. Para este jovem rapaz andar de carruagem é como viver num luxuoso Hotel Pestana.
Uma vida alternativa
Lasse Stolley, de 17 anos, é um entusiasta das locomotivas e vive, de forma legal, nos comboios alemães. Os ‘choo choos’ são o alarme do moço todas as manhãs. Para mim estava fora de questão.
O adolescente denomina-se ‘nómada digital‘ e aponta a falta de privacidade como o principal ponto negativo de viver desta forma, dizendo ainda que adora a liberdade e a flexibilidade que esta vida lhe oferece. Stolley faz em média 1000km diários em viagens de comboio, vagueando por onde o coração mandar. “Se me apetecer viajar para o mar, apanho o comboio para o Norte pela manhã”, acrescentando que “se a vontade for mais andar pelas grandes cidades, viajo para os lados de Munique ou Berlim. Por vezes a escolha recai sobre os Alpes, para fazer umas caminhadas”, revelou o viajante.
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O jovem acredita já ter viajado cerca de 480 mil quilómetros pelos rails da Alemanha desde que saiu da casa do pais, em Fockbek, Schleswig-Holstein, com apenas 16 anos de idade.
Tudo ocorreu por causa de um documentário que viu no YouTube, aliado ao cancelamento no último segundo do curso de especialista de IT (Tecnologia de Informação). Em vez de estudar, o moço optou por comprar um cartão de viagens de comboio ilimitadas e tem aproveitado para conhecer o país a fundo desde então. “Os meus dias de escola tinham terminado e tinha a vida toda pela frente. Então, no verão de 2022 decidi sair da casa dos meus pais e embarcar numa aventura épica”, confessou.
Como é óbvio os pais do menino não acharam grande piada à ideia e não foi fácil convencê-los a deixar ‘voar’ o pequeno. Depois de algum esforço, lá os conseguiu persuadir e os progenitores até o ajudaram a fazer a mala.
O Stolley faz os trabalhos de programação todos os dias antes de relaxar nos vagões de primeira classe dos comboios onde vive. A pergunta que muitos de nós fazemos de forma imediata é: como é que este loirinho se lava? Pois bem, pelos vistos é em piscinas e parques públicos. O adolescente leva uma vida motivada pelo minimalismo e todos os seus pertences têm forçosamente de caber na sua mochila de 36 litros.
O que tem na mochila?
4 t-shirts, dois pares de calças, artigos de higiene pessoal, uma almofada de pescoço (daquelas de viagem mesmo) e um cobertor. Ainda assim, confirma que os artigos mais importantes na sua vida são um computador portátil e os headphones com cancelamento de ruído que o ajudam a ‘fugir’ do barulho das locomotivas.
A noite é importante
Dormir é uma parte fundamental no dia de todos nós. O Stolley tem de se certificar que consegue apanhar um comboio noturno. “Uso uma aplicação que me ajuda a organizar a minha próxima conexão, enquanto durmo na viagem até chegar ao meu destino. A minha casa é o comboio”, disse.
Os custos da brincadeira
O amigo, que conta as suas histórias na página ‘Life on the train’ https://leben-im-zug.de , diz que custa quase 10.000 euros por ano para viver vagueando pelos comboios. Se compararmos com os preços dos arrendamentos é bem barato, a verdade é essa. O mochileiro espera que a sua história seja notada e que, quem sabe, consiga um trabalho nos comboios. Será com certeza um profissional dedicado, já que vive no trabalho. “O meu desejo é dar feedback às companhias de transporte, como a Deutsche Bahn, e ser compensado por isso. Vamos ver se será possível”, finalizou.